quinta-feira, 6 de maio de 2010

Reflexão sobre o 3º módulo

O terceiro módulo da formação sobre o novo Programa de Português do Ensino Básico centrou-se na competência da Leitura. Discutiu-se a explicitação funcional do conceito, num primeiro momento, para depois se abordarem algumas sequências didácticas conducentes ao trabalho da supracitada competência, sendo que o objectivo é, forçosamente, a formação de leitores competentes e funcionais.
Quando analisámos o Programa de Português em vigor, bem como os manuais que espelham o seu conteúdo, é inegável a predominância do texto narrativo como ponto de partida para a exploração da leitura. Embora presente, a análise de textos de tipo informativo ou argumentativo, para nomear alguns, serve apenas como complemento ao trabalho efectuado ao nível da leitura do texto narrativo.
Por outro lado, o novo programa prevê a exploração de uma miríade tipológica de textos a serem explorados no trabalho com os alunos, o que, indubitavelmente, os elevará a novos níveis de eficácia e complexidade na leitura, pois as experiências de aprendizagem serão mais significativas para os mesmos. Atente-se, no entanto, que a exploração do texto narrativo continua presente e continua a ser enriquecedora. Apenas se irá situar num mesmo patamar de importância que textos de outra tipologia, como sejam os textos informativos e argumentativos, como referi anteriormente.
Face ao exposto, apresenta-se aos professores um novo desafio, o de adequar as suas práticas pedagógicas a esta nova realidade, pois, por mais que não se queira, até agora, a metodologia utilizada tinha por base a norma verificada, isto é, a focalização na leitura com base no texto narrativo.
Ao analisar a minha própria prática pedagógica, tenho de reconhecer que não sou excepção à regra. Até ao presente, o trabalho efectuado com os meus alunos ao nível da Leitura tem recaído, fundamentalmente, na leitura do texto narrativo e respectiva interpretação do seu conteúdo, de forma oral e escrita. De facto, a restante tipologia textual não tem merecido, pela minha parte, a mesma atenção que a narrativa. Embora tenha abordado outros tipos de texto, não o tenho feito de forma sistemática como sugere o novo programa de Português.
O novo Programa de Português atenta à compreensão da leitura, atribuindo-lhe significativa importância no processo de trabalho da competência em análise. A compreensão irá resultar da interacção do leitor com o texto, bem como com o seu contexto, o que irá permitir ao aluno melhorar a capacidade de leitura. Espera-se que o aluno aprenda a ler fluentemente, tornando-se capaz de descodificar e atribuir significado às palavras que lê. Para que se atinja este objectivo, será impreterível que os alunos sejam e estejam motivados para a leitura, e que as actividades propostas sejam orientadas para uma finalidade, para um propósito, por outras palavras, que tenham um objectivo claro e preciso. Deve-se, ainda, atender à preparação do aluno para a leitura crítica dos textos, ou seja, importa não só que o aluno compreenda o que está a ler, como também que seja capaz de descodificar a intenção do texto. Só com a conjugação de todos estes factores se torna possível a efectiva formação de leitores competentes.
Apelando de novo à minha própria experiência enquanto docente da área, vejo que, embora sempre tenha atribuído importância relevante à compreensão do texto, bem como à motivação dos alunos para a leitura do mesmo, interessa referir que nem sempre tenho orientado as actividades planeadas para a leitura crítica dos textos por parte dos alunos. Tem sido suficiente que os alunos compreendam o que estão a ler e devo reconhecer que as minhas aulas não têm privilegiado o olhar crítico sobre o texto.
Depois da frequência deste módulo da formação, tenho vindo a adequar as minhas práticas lectivas a esta nova realidade. Passei a incluir de forma sistemática, a fase da preparação da leitura, nomeadamente, promovendo a antecipação do tema do texto, bem como a procura de mobilizar os saberes prévios que os alunos possam possuir sobre o mesmo. Durante a fase da leitura, tenho trabalhado os processos da esquematização da informação do texto por parte dos alunos preparando a compreensão do mesmo. Após as etapas da leitura e compreensão do texto, tenho vindo a desenvolver actividades que preconizam a reflexão sobre o próprio texto e a descodificação da sua intenção. Assim, procura-se que a leitura do aluno seja orientada para atingir um objectivo proposto inicialmente.
O conhecimento adquirido neste módulo da formação permitiu me planificar, com maior eficácia e mais contextualizadamente, algumas actividades de leitura que já praticava com os meus alunos, o que as tornou mais significativas para estes. Refiro-me, exemplificando, a actividades como a “Biblioteca da Turma”, onde agora os meus alunos se regem por um guião de leitura que os orienta para a tarefa final, neste caso a discussão do livro em grande grupo, ou o “Concurso de Leitura” onde se testa a compreensão dos alunos sobre a leitura efectuada, actividades estas que, anteriormente, punha em prática mas sem um plano eficaz, sem uma sequencialização pensada e orientada para o trabalha da competência da leitura. A Hora do conto é também uma actividade realizada com alguma regularidade na sala de aula.
Para finalizar o terceiro módulo desta formação, realizaram-se exercícios de sequências didácticas partindo das competências abordadas, e que nos perspectivaram novas possíveis formas de articulação entre todas


Em suma, tratou-se de uma sessão bastante enriquecedora, uma vez que não só se esclareceu a funcionalidade da competência da Leitura, como se abordou a forma de “pôr em prática” esses fundamentos teóricos.